Revista Profissão Docente

A formação em Segunda Licenciatura: celeridade e precarização da formação docente no Brasil

Paula Trajano de Araújo Alves — 2023-09-19

O objetivo deste artigo é analisar a Resolução CNE/CP nº 2 de 20 de dezembro de 2019, a BNC-Formação, no tocante especificamente à questão da formação docente em Segunda Licenciatura. O foco dado a esse documento justifica-se pelo fato dele atualmente normatizar, orientar e regulamentar os cursos de formação docente no Brasil, portanto é importante responder a seguinte questão: qual a situação da legislação brasileira em torno da formação em segunda licenciatura? Para responder essa questão, procedeu-se uma pesquisa qualitativa do tipo documental que obteve à seguinte conclusão: a oferta de Segunda Licenciatura da forma como está regulamentada aumenta a precarização da formação docente e eleva ao nível máximo mercantilização da educação superior no país.

Problemas Socioemocionales al retorno a clases presenciales: Caso Colegio Santa Isabel de Hungría, Santiago-Chile

Jaime Caiceo Escudero — 2023-07-05

Após três semestres com aulas online e um semestre com capacidade presencial reduzida, o ano de 2022 começou com aulas normais, em que o Ministério da Educação instruiu no final do ano anterior um dia letivo completo e com atividades de acordo com a priorização curricular definida em 2020. No entanto, a autoridade educacional do país não levou em conta que, após dois anos em que os alunos estavam em casa sem atrito socioemocional direto e com doenças ou perda de parentes, eles retornariam com sérias dificuldades para convivência nas salas de aula. Diante disso, as novas autoridades que assumiram o governo do Chile em 11 de março tiveram que reduzir a jornada de trabalho e solicitar que o foco fosse ajudar os alunos a se adaptarem novamente à vida juntos e se respeitarem mutuamente. A situação foi ainda mais complicada pela atitude dos pais e responsáveis, por não terem conhecimento do comportamento inadequado ou estranho de seus filhos e filhas, com alto nível de estresse, brigas entre pares, uso de drogas, tentativa de suicídio, entre outros. O objetivo desta comunicação é divulgar a forma como a escola de Santa Isabel de Hungría tem enfrentado o regresso às aulas presenciais. Este trabalho faz parte da epistemologia das ciências sociais, com abordagem fenomenológica e hermenêutica e a metodologia utilizada é a descritiva, analítica e de pesquisa-ação.

A gênese dos cursos jurídicos das Instituições Federais de Ensino Superior (IFES) no Estado de Minas Gerais

Maria Terezinha Tavares — 2023-05-12

A criação dos cursos jurídicos das IFES do estado de Minas Gerais norteia o artigo. O objetivo da pesquisa foi evidenciar o marco histórico da gênese dos Cursos de Direito nas IFES de Minas Gerais. A metodologia utilizada para a coleta de dados foi a revisão bibliográfica, com abordagem qualitativa. A proposta foi revisitar apenas a gênese dos três primeiros cursos de IES federais mineiras, pois que, contemporaneamente, estão em funcionamento 220 Cursos de Direito no estado de Minas Gerais, sendo nove federais, seis estaduais e 205 privados, o que enseja uma pesquisa mais ampla para publicação futura. A origem dos cursos jurídicos das IFES mineiras perpassa a trajetória da criação dos cursos jurídicos no mundo e no Brasil. A UFMG foi a pioneira com a implantação do Curso de Direito no final do século XIX. Em 1934, o curso de Direito em Juiz de Fora consolidou-se e, em 1960, tornou-se parte integrante da Universidade Federal de Juiz de Fora. A criação da Faculdade de Direito de Uberlândia se deu em 1960 e em 1969 essa faculdade passou a integrar a Universidade de Uberlândia; no ano de 1978, ocorreu a federalização da Universidade, passando o Curso de Direito integrar a Universidade Federal de Uberlândia. A revisão das referências bibliográficas forneceu dados que demonstraram a essencialidade do Direito à sociedade e a consequente necessidade de cursos jurídicos. E, em Minas Gerais, essa realidade se deu no final do século XIX, com a criação do Curso de Direito da UFMG.

De leigas a normalistas: a formação de professoras no Delta do Rio Parnaíba (1980-1990)

José Marcelo Costa dos Santos — 2023-05-12

Este estudo tem como objeto de análise o processo formativo de professoras ribeirinhas da região de Ilha Grande de Santa Isabel, no Delta do Rio Parnaíba, no período de 1980 a 1990, a partir de memórias de formação. O objetivo geral é analisar como se deu a formação pedagógica dessas docentes, na transição de leigas para normalistas. Especificamente, intenciona-se: caracterizar o processo formativo de professoras ribeirinhas, na transição de leigas para normalistas; verificar como se deu o início do magistério dessas docentes nos povoados de Ilha Grande de Santa Isabel; discutir aspectos da formação normalista no Piauí. Trata-se de uma pesquisa de caráter histórico, de abordagem qualitativa, na perspectiva metodológica da História Oral, aprovada pelo Conselho de Ética e Pesquisa da Universidade Federal do Piauí, parecer n. 3.533.397. A técnica empregada foi o relato de história oral de vida, uma adaptação da entrevista de história oral, tendo como colaboradoras três professoras aposentadas. A base teórica se sustenta, dentre outros, em autores como: Chartier (2007), Ferro (1996), Lopes (2017), Meihy (2005) e Villela (2000). A pesquisa mostrou que a formação das professoras, que atuaram em Ilha Grande de Santa Isabel, se configurou como um processo de travessias, marcado por dificuldades, desafios e superação, em busca de qualificação profissional e construção de carreira no magistério.

Aprendizagem da aritmética na Educação de Jovens e Adultos em uma escola pública tocantinense

Gustavo Cunha de Araújo — 2023-05-12

A aritmética se apresenta como uma das bases para a estruturação do conhecimento humano. A pesquisa tem como principal objetivo conhecer, a partir da visão de professores e estudantes, como ocorre o processo de ensino aprendizagem de aritmética na Educação de Jovens e Adultos - EJA (Segundo Segmento) de uma escola pública tocantinense. Optou-se por uma pesquisa qualitativa e documental, além de aplicação de questionários a professores de Matemática e estudantes da EJA. Tais procedimentos caracterizam a pesquisa como de levantamento por amostragem. Dentre alguns resultados da pesquisa, segundo os docentes, não existe um material didático de Matemática e particularmente de aritmética para a EJA, sendo eles mesmos os responsáveis pela seleção dos conteúdos a serem trabalhados. Por outro lado, a maioria dos alunos relatou que tem dificuldades com a aritmética, embora seja o ramo da Matemática mais útil no seu dia a dia, conforme os seus depoimentos.

Laboratório Maker: análise das metodologias pedagógicas utilizadas e uma proposta conjunta para educação emancipadora do aluno

Alexandre Moura Giarola — 2023-09-19

Analisar a escola bem como suas transformações e conflitos internos é atividade constante no contexto educacional. Neste estudo teórico-bibliográfico é dado foco a um sistema de laboratórios denominado Maker onde a utilização de máquinas e equipamentos de fabricação tem o objetivo de motivar e instigar o interesse dos alunos no desenvolvimento de novos produtos e ideias. Tratado por uma parcela dos educadores e governos como uma panaceia para a melhoria da educação fez-se uma análise de categorização metodológica desse espaço e suas dificuldades na formação emancipadora do aluno. Ao final propõe-se então uma associação entre este espaço de criação com oficinas de arte/cultura para alcançar melhores resultados na formação omnilateral do aluno.

Palavras-chave: Tecnicismo. Fablabs. Escolas Técnicas. Espaço Maker

Os impactos da proposta em curso da BNC formação de professores - tempos difíceis da formação dos docentes

Lia Batista Machado — 2023-09-19

O presente trabalho emergiu da disciplina Gestão e Organização do Sistema Educacional, cursada no módulo: “Políticas de formação e trabalho docente no contexto da gestão da educação e da escola, vinculada ao Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal de Uberlândia (PPGED/UFU). O artigo propõe analisar os impactos da proposta em curso da Base Nacional Comum da Formação de Professores (BNC- Formação), aprovada pela Resolução CNE/CP n.º 2, de 20 de dezembro de 2019, e apresentar as possíveis formas de resistências, conforme defesa da Associação Nacional pela Formação dos Profissionais da Educação (ANFOPE), bem como diversos outros estudiosos da área. Configura-se como um estudo exploratório, delineado pela pesquisa bibliográfica e documental. Os resultados indicaram que as políticas atuais de formação de professores apresentam uma orientação influenciada pelo neoliberalismo, esvaziada teoricamente, tecnicista e voltada ao aprender a fazer, alijando o professor do saber teórico, da autonomia e do pensamento crítico.

A organização do ensino-aprendizagem e o fazer docente na Educação Infantil

Nídia de Paula da Silva Braga — 2023-05-12

O presente artigo aborda a organização do ensino-aprendizagem no contexto da Educação Infantil, a partir de perspectivas docentes. Teve como objetivo compreender como a organização do ensino-aprendizagem tem sido efetivada no contexto do cotidiano escolar, com articulações com o fazer e do que é ser docente nesse segmento educacional. Metodologicamente, trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa, fundamentada no referencial da Teoria Histórico-Cultural (THC), na qual foram utilizadas as pesquisas: bibliográfica, documental e de campo. Como instrumentos de coleta dos dados, utilizou-se uma ficha de registro das informações dos documentos e da bibliografia selecionada e, para a pesquisa de campo, a entrevista semiestruturada. Foram entrevistados 18 professores que atuam em escolas municipais de Educação Infantil, localizadas na zona rural do município de São José do Mipibu-RN. A análise dos dados foi realizada em consonância com a proposta teórico-metodológica dos núcleos de significação. Os resultados apontam para a necessidade de intencionalidades didáticas nas práticas educativas realizadas na Educação Infantil, marcadas pelo fazer prático, e, em certa medida, desprovidas de cientificidade. A Teoria Histórico-Cultural possui um corpo de conhecimentos que pode auxiliar na formação docente e na organização do processo ensino-aprendizagem de crianças, contribuindo para práticas pedagógicas que considerem suas especificidades e potencializem o desenvolvimento infantil. A atuação do professor na educação infantil requer a significação da profissão, com indicativos de demandas socioemocionais, vínculos com as crianças, estabelecimentos de parcerias com as famílias e reconhecimento social, político, cultural e econômico.

Igualdade de gênero na BNCC para a Educação Infantil

Bruna Boldo Arruda — 2023-05-12

O objetivo deste artigo foi identificar, por meio de pesquisa documental, a partir das contribuições da análise crítica do discurso de Fairclough, se há previsão expressa acerca da promoção da igualdade de gênero na versão final da BNCC para a Educação Infantil. Para tanto, também se analisa as versões anteriores, para observar se esse aspecto havia sido contemplado, uma vez que se trata de uma política de Estado. Buscou-se, ainda, identificar quais discursos ideológicos prevaleceram na BNCC em relação às questões de gênero em meio ao contexto político e histórico no qual foi elaborada. As análises evidenciaram que, embora os discursos contra as discussões de gênero, na escola, se pautam na defesa de uma escola neutra, o texto final indica a seletividade sobre a escolha dos temas que serão estudados nos currículos, o que evidencia a intencionalidade do projeto político social que está sendo adotado.

Aprendizagem em Química: relato de experiência sobre as dificuldades detectadas durante as monitorias das disciplinas de Química Teórica e Experimental

Célio dos Santos Almeida — 2023-05-12

Este trabalho visa apresentar as dificuldades detectadas pelos graduandos de licenciatura em Ciências, durante as atividades de monitoria de Química teórica e experimental no Instituto de Saúde e Biotecnologia da Universidade Federal do Amazonas. O estudo caracteriza-se como relato de experiência, fundamentado em pesquisa descritiva e qualitativa, compreendendo o período letivo de 2017/1, 2018/1, 2019/1 e 2019/2 durante as monitorias de Química Geral, Química Orgânica, Química Inorgânica Experimental e Química Analítica, respectivamente. Pôde-se observar que existiam dificuldades na elaboração dos relatórios de aulas experimentais e no entendimento dos conteúdos, que como consequência, comprometiam a resolução das avaliações, sobretudo quando envolviam cálculos, fórmulas e a interpretação das questões. A monitoria possibilitou o aprofundamento dos conhecimentos acerca dos conteúdos de Química, como também proporcionou a aquisição de novos conhecimentos e experiências da docência de nível superior.